Uma relação duradoura que já completou 54 anos marca a história de vida do administrador de imóveis, Virgílio Martins Gonçalves com o seu Fusca 1965, azul atlântico, que comprou zero quilômetro quando tinha 23 anos. Hoje, aos 77 anos, não pensa em vender ou se desfazer do azulão, como gosta de se referir ao carro, que faz parte da sua vida, o seu companheiro de toda a as horas.
Mas o começo não foi bem assim. Em 1965, quando o Fusca estava no auge e era difícil encontrar o carro na cor desejada, havia mais procura do que oferta. Gonçalves resolveu comprar um Fusca para trabalhar por ser econômico e prático, mas que fosse da cor branca. Encomendou o carro na cor desejada e pagou uma boa parte antecipada, mas não chegava. Depois de um tempo esperando e, com receio de perder o dinheiro da entrada, que não era pouco, decidiu seguir o conselho do seu pai e foi à revenda e comprou o azul que estava disponível. Dali para frente, nunca mais se separou do Fusca. Foi com ele que fez piqueniques na praia, namorou e usava para trabalhar e lazer quando era solteiro.
Foi buscar a esposa no aeroporto que vinha de Portugal. Eles tiveram de casar por procuração para a moça poder sair do país, condições impostas pelo pai dela. Depois foi com o Fusca buscar os três filhos na maternidade, somente a caçula não foi de azulão para casa quando nasceu, mas isso foi bem depois
Ente os momentos marcantes, Gonçalves lembra da aventura de viajar para acampar com a esposa e os três filhos no Fusca. Para acomodar a bagagem, usou bagageiro para colocar, barraca, malas e utensílios, uma verdadeira mudança. Trafegando em uma estrada avistou um Dodge Charger em alta velocidade na contramão. O carro se aproximava e dava a impressão que ia colidir. Gonçalves não desviou, permaneceu na sua pista e quando estava mais próximo, o motorista do Dodge voltou para a pista certa. O administrador conta que levou um baita susto e resolveu comprar outro carro para passear com a família, uma Veraneio que alguns anos depois vendeu. Aliás ele teve vários carros que comprou e vendeu, mas o Fusca persistiu ao tempo e continua com ele.
Passou a usar o Fusca só para trabalho. Na época, era represente comercial e precisava de um carro econômico e prático, o azulão era perfeito para isso.
A sua esposa aprendeu a dirigir no Fusca e usava para levar e buscar as crianças na escola. Carregou material de construção para fazer reformas e obras. Também emprestou para vizinha por um período para levar os filhos na escola.
O Fusca sempre foi o parceiro de todas as horas. Ao longo de mais de cinco décadas, o “Fuca Bala”, apelidado pelos filhos, passou por várias fases, algumas vezes estava em bom estado, em outras nem tanto. Chegou a ficar um bom tempo batido e enferrujado. Já passou por várias manutenções, só motor foram três e também por reformas na lataria. Um dos seus filhos chegou a tombar o Fusca numa curva e deixou ele amassado de um lado.
Mas como o Fusca faz parte da história de Gonçalves, não importa se está funcionando ou parado na garagem, o carro tem um valor sentimental e inestimável para ele.
Para fazer o carro pegar algumas vezes, usava um vidrinho com um cordão amarrado e jogava no tanque. Depois despejava o combustível no carburador, macete que lembra até hoje.
O carro está descansando na garagem há um bom tempo. Para voltar a rodar, precisa passar por uma revisão mecânica geral. Mas isso é só um detalhe porque ele não vende e não dá para ninguém o seu companheiro de toda a vida. O Fusca faz parte da sua história.
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*Quando não conseguimos a foto real do carro, usamos uma ilustrativa de modelo similar