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Iniciativa Mulheres na Cor da AkzoNobel capacita egressas do sistema prisional para o mercado de repintura automotiva

Iniciativa Mulheres na Cor da AkzoNobel capacita egressas do sistema prisional para o mercado de repintura automotiva
Projeto criado pela multinacional reúne empresas parceiras para segunda edição do programa em São Paulo

A primeira edição do Mulheres na Cor surgiu como uma iniciativa para capacitar mulheres em condição de vulnerabilidade, viabilizando conhecimento no segmento de repintura automotiva. Agora, três anos depois, o projeto liderado pela AkzoNobel, multinacional holandesa fabricante de tintas e revestimentos, está de volta com a missão de profissionalizar 13 mulheres egressas do sistema prisional. As aulas no Senai já começaram e a formatura está prevista para fevereiro de 2025.

“Tivemos um balanço muito positivo na primeira turma. Cada vez mais fica evidente a importância da mulher no setor automotivo, assim também como a necessidade de oportunidades de desenvolver novos talentos. O Mulheres na Cor nasceu buscando promover mudanças sociais e também setoriais, uma vez que temos um cenário de falta de mão de obra e pessoas buscando uma primeira chance no mercado de trabalho. Nosso papel tem sido unir os esforços e colocar todos na mesma direção”, conta Ozinei Manzano, gerente Nacional de Vendas da AkzoNobel e idealizador do projeto. De acordo com a Associação Brasileira dos Pintores Profissionais – Abrapp, as pintoras representam apenas 11% dos profissionais no segmento – incluindo pintura imobiliária, fachadista, industrial e automotiva, entre outras.

A ideia de fazer uma edição do projeto com mulheres que estiveram privadas de liberdade surgiu da parceria AkzoNobel com a Porto Seguro. “Fomos convidados a conhecer o Instituto Ação Pela Paz, ONG apoiada pela Porto com um excelente trabalho junto às pessoas que estiveram em privação de liberdade. Nesse dia, nasceu o propósito de unirmos força para a realização de uma nova turma do Mulheres na Cor”, lembra Manzano. Para essa nova empreitada, a AkzoNobel e a Porto também contam com a parceria do Senai, do Sindirepa (Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios do Estado de São Paulo), da Bela Tintas, da Norton Abrasivos, da Bosch, do Instituto Ação Pela Paz e do Instituto Recomeçar.

Quem são elas

As participantes selecionadas estão, em média, há três anos e meio em liberdade; 69% residem na Zona Leste de São Paulo; 50% possuem ensino médio completo e 22% incompleto; 33% têm entre 25-29 anos e 27% de 35-39 anos.

Natália Larissa de Santana Souza, 28 anos, está entre as participantes. Atualmente estudante de pedagogia do segundo semestre, ela trabalhava como auxiliar administrativo antes de permanecer no sistema prisional por quatro anos e oito meses. Completando três anos como egressa, ela vê no programa uma oportunidade de mudança. “O Mulheres na Cor é um projeto que está acreditando na nossa capacidade, levando a gente para cima, dando todo suporte para que a gente possa recomeçar. Eu vou poder ter uma nova profissão”, fala animada. “Já tenho até planos para futuro! Porque o meu esposo também é egresso do sistema carcerário e a gente já está com planos para futuramente ter uma funilaria! A gente vai precisava de muito, muito esforço, e muita dedicação para, em breve, nos tornarmos grandes empresários. É o que eu sonho”, conta.

Michele Cavalcanti Gomes, 38 anos e mãe de quatro filhos com idade entre 2 e 21 anos, também acredita no conhecimento como ferramenta de transformação. “Eu trabalhava no Mercadão Municipal de São Paulo como balconista. Tinha parado os estudos no segundo ano do ensino médio. O que me levou a ser presa, infelizmente, foram as amizades. E, para completar, fui presa grávida com quase nove meses do meu segundo filho e a vinte dias antes do Natal”, conta Michele. Foram quatro anos de reclusão, mas não foram perdidos, cada dia ali serviu para me renovar e me tornar quem sou hoje. Faz dez anos que saí daquele lugar e não quero voltar nunca mais. Depois, terminei meus estudos e hoje curso pedagogia. Com esse novo curso, eu espero um recomeço para minha vida, e eu vou me dedicar muito, porque eu creio que vai ser um passo para minha vitória e muitas portas vão se abrir”, completa.

Por dentro do projeto

O Instituto Ação Pela Paz é uma organização da sociedade civil cuja missão é apoiar o Poder Público e a sociedade civil em iniciativas que contribuam para a redução da reincidência criminal. Uma das organizações apoiadas é o Instituto Recomeçar, que tem como missão reintegrar à sociedade homens e mulheres egressos do sistema prisional. As duas organizações fizeram uma pré-seleção de egressas do sistema prisional para participarem do processo seletivo coordenado pelo RH da AkzoNobel, que contou com dinâmicas em grupos e apresentações em uma roda de conversa. Eles farão todo o acompanhamento delas durante e pós-curso e o monitoramento e avaliação do programa, incluindo o suporte à empresa e à pessoa em um eventual processo de contratação e durante o início do ciclo de atuação. Além disso, o Ação Pela Paz fará a aferição da reincidência criminal das beneficiárias junto à Secretaria de Administração Penitenciária do Estado de São Paulo (SAP-SP) São Paulo e Tribunal de Justiça (TJSP).

O curso tem um total de 320 horas de treinamento com três módulos. No primeiro, ministrado no Senai Ipiranga, as participantes aprendem sobre soft skills e comportamento (40 horas), e, na sequência, preparação e repintura automotiva (180 horas). O segundo módulo, de 40 horas, é ministrado pela Norton, principal fabricante mundial em abrasivos, e tem foco em polimento automotivo. Na terceira etapa, de 80 horas, a AkzoNobel realiza o treinamento de colorimetria e ferramentas no seu Centro de Treinamento Automotivo, na unidade de São Bernardo do Campo. A Bosch também apoiará o projeto com mais 24 horas (três dias) de treinamentos e capacitações. As participantes terão a oportunidade de conhecer a planta produtiva da empresa em Campinas e passar por uma imersão em treinamentos técnicos e de capacitação, que as ajudarão no dia a dia do mercado de trabalho.

O projeto Mulheres na Cor inclui bolsa-auxílio e ajuda de custos, além de transporte fretado para as participantes se deslocarem até os treinamentos, alimentação, roupas, EPIs e materiais para a realização das atividades.

O programa inclui uma semana de operação de funilaria e pintura em São Paulo ao final da formação, para oferecer uma vivência prática da vida real em uma unidade de repintura automotiva. E, no quesito empregabilidade, a rede de oficinas credenciadas pela Porto Seguro está sendo comunicada sobre o Mulheres na Cor e convidada a participar do projeto. Uma pesquisa também foi compartilhada com os parceiros para conhecer melhor o perfil de cada oficina, para que possam receber indicação de currículos das mulheres formadas pelo curso, aumentando a chance de colocação das participantes no mercado de trabalho.

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