Live reúne lideranças para falar sobre prejuízos e retomada econômica do setor automotivo
Uma iniciativa da Fraga Inteligência Automotiva reuniu, na manhã do dia 29 de maio, às 10h, lideranças da cadeia automotiva do Rio Grande do Sul para apresentar um compilado dos prejuízos referentes à tragédia climática que assola o estado e ações de retomada econômica.
A live, intitulada “O papel do mercado de reposição de autopeças na reconstrução do Rio Grande do Sul” contou com a participação do CEO e da economista da Fraga Inteligência Automotiva, Murilo Fraga e Ana Giglio; comentários dos executivos locais: Henrique Steffen, da Giros Peças e presidente da ASDAP – Associação Sul- Brasileira dos Distribuidores de Autopeças; Rogério Colla, da Auto Pratense Distribuidora; Lucio Santin, da Toli
Distribuidora; considerações finais do presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Veículos e de Peças e Acessórios para Veículos do Rio Grande do Sul – Sincopeças-RS, Marco Antônio Machado, sobre a importância da
união do setor para a recuperação dos negócios. O encontro on-line foi conduzido por Hugo Mayson, da Fraga
Inteligência Automotiva.
A transmissão iniciou com uma apresentação sobre a frota circulante do RS, que hoje conta com 4.573.788 veículos entre automóveis e comerciais leves, motocicletas, caminhões e ônibus. Destes, 2.505.675 localizados
nos municípios atingidos pelas cheias. Estima-se que 269.929 foram afetados pelas enchentes. Conforme Fraga, o RS é a 4° maior frota do Brasil.
A apresentação trouxe dados sobre o faturamento anual acumulado do setor de autopeças, baseando-se no ano de 2023. Só o varejo, no Brasil, faturou R$ 84,34 bilhões. Destes, R$ 5,74 bilhões no Rio Grande do Sul. O faturamento anual nos municípios afetados representa R$ 2,92 bilhões e nas áreas alagadas o valor chega a R$2,66 bilhões do montante gaúcho.
Oficinas
O estudo ressaltou dados sobre as oficinas, que é o nicho que mais fatura dentro da cadeia automotiva. Em 2023, o valor do faturamento foi de R$ 105,43 bilhões no país, R$ 7,47 bilhões no RS, sendo R$ 3,80 bilhões em municípios afetados e R$ 3,48 bilhões em áreas alagadas.
Ana Giglio trouxe informações sobre a recuperação das oficinas. A estimativa é que seja necessário para a reconstrução de cada oficina o montante de R$ 115 mil, sendo 60% destinado a equipamentos e ferramentas e 40% divididos entre reformas e equipamentos de escritório. O estudo acredita que será necessário R$ 455 milhões para a reconstrução das oficinas afetadas no estado. A estimativa é de que leve de 3 a 10 meses para normalizar o faturamento mensal. A perda em faturamento será de R$ 68 milhões neste período.
Varejo e Distribuição
O Rio Grande do Sul possui 935 empresas do ramo de distribuição e varejo de autopeças, que representam um
faturamento agregado de R$ 3,55 bilhões, sendo destes R$ 2,36 bilhões nos municípios afetados e R$ 2,11 bilhões em áreas alagadas. O total em prejuízos previstos entre distribuidores e varejo é de R$ 380,99 milhões em
estoque e R$ 1,14 bilhão em dias sem faturar.
Caminhos
O encontro on-line elencou caminhos, alguns já sendo trilhados, para este momento de recuperação econômica: suspensão/subsídios a pagamentos de juros e impostos, prorrogação de prazos de pagamento, aumentos de limites de financiamento, acesso rápido e facilitado ao crédito, perdão ou suspensão temporária do pagamento de dívidas, programas de manutenção de emprego e renda, antecipação de benefícios à população, antecipação
de férias e disponibilização de teletrabalho.
Descarte consciente
Junto as pautas levantadas no encontro, o descarte consciente de mercadorias, levando em consideração os R$ 380,99 milhões de prejuízo em estoque do varejo e distribuidores de autopeças. Entre as indagações: “Para onde vão estas mercadorias prejudicadas? Para o mercado informal, desmanches ou podem ser reaproveitadas?
A sugestão dos participantes foi de as fábricas conversarem com seus distribuidores e lojistas afetados para o
recolhimento de peças a fim de realizar análise para seleção do que está em condição de uso ou que foi danificado com destino ao descarte correto, buscando mitigar futuros impasses referentes a garantias. Aos
lojistas e distribuidores a orientação é não descartar mercadorias em lixo comum para que não caiam em mãos erradas como o comércio informal ou desmanches, evitando sua distribuição para todo o Brasil.
Participação Sincopeças-RS
O presidente do Sincopeças-RS, Marco Antônio Machado, encerrou a live falando das ações da entidade em meio
a tragédia climática.
“Somos um gigantesco conglomerado de empresas, em sua maioria pequenas empresas, entre autopeças, motopeças, convertedores GNV, revendas de veículos usados, lojas de bicicletas e os colegas da ponta, a reparação, o que pode passar de 25 mil CNPJ’s”, disse Machado.
O desafio das entidades representativas neste momento é dar suporte aos afetados. Antes mesmo da catástrofe o setor já vinha lutando em questões relacionadas a diminuição, envelhecimento, retenção e qualificação da mão
de obra, e, ainda, problemas sérios para a captação de recursos na medida em que o crédito não é barato para o pequeno empresário.
“Nosso setor é reativo e tentamos com todas as forças acompanhar a tecnologia e a manutenção da expertise
humana para continuar nutrindo uma frota cada vez mais complexa, desafios como o right repair (direito de reparar), o avanço da concessionária no nosso negócio, justo de mercado, mas preocupante. Diante de todo este
cenário, que já era complexo, soma-se agora a catástrofe. Estamos trabalhando ininterruptamente desde o dia 3 de maio, seja com ajuda humanitária, na busca de medidas junto ao poder público ou fechamento de Convenções
Coletivas de Trabalho”, frisou o presidente.
As ações do Sincopeças-RS podem ser conferidas AQUI.
Ele ainda enfatizou que a União está atenta aos CPF’s, o que é muito importante e primordial, mas que ainda falta atenção aos CNPJ’s. “Somos uma parte muito expressiva do PIB nacional, que sempre ajudou na mobilidade.
Relembrando a pandemia, fomos considerados serviço essencial, por óbvio, pois nosso setor está presente em qualquer lugar, seja pelas viaturas de polícia civil, brigada militar, ambulância, ou veículos de serviço. Não há
localidade que não esteja sob a nossa guarda ou manutenção. Nós mantemos o estado e o país rodando. As medidas ofertadas até então pelo Estado não são suficientes. Se não houver um olhar para as empresas teremos
mais desemprego, empobrecimento mais grave, além do aumento da violência”, destacou.
Para Machado o momento é de repactuação nacional a partir das fábricas com seus canais de suprimento. Não é possível ajudar todo mundo, mas todo mundo pode ajudar alguém. Os nichos precisarão se interligar: fábricas,
distribuidores, lojistas e reparadores.
Pensando nisso, o Sincopeças-RS, juntamente com a ASDAP e o Comitê Automotivo do RS (CARS), lançou a campanha “Adote uma Empresa”. Confira mais informações AQUI.
No site da Fraga Inteligência Automotiva pode-se acessar outras campanhas que estão no ar neste momento de retomada econômica: https://rs.fraga.com.br/
Você pode assistir toda a live novamente AQUI.
Fontes da pesquisa: Fraga Inteligência Automotiva, Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, IBGE,
RAIS, Sindirepa-RS, Sincopeças-RS e CNI.